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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mais sobre o caso Phoebe Prince

Escola diz que não sabia de bullying envolvendo aluna suicida

Em um ponto, todos aqui concordam: os alunos do ensino médio que provocaram e ameaçaram Phoebe Prince por três meses, até ela se enforcar, merecem ser punidos.
Mas o ressentimento em torno do que era de conhecimento da direção da escola e de como a mesma lidou com a situação de bullying de Prince, 15 anos, se intensifica desde segunda-feira, quando a promotora distrital anunciou que os nove estudantes que a perseguiam enfrentarão acusações criminais. Seis estudantes foram identificados e acusados de crime, e três foram indiciados como menores e não foram identificados.
Autoridades escolares afirmam que a promotora distrital se equivocou ao dizer que professores e funcionários sabiam há muito tempo sobre as humilhações de Prince, recém-chegada da Irlanda que era constantemente referida como "vadia irlandesa" por alguns estudantes após ela ter saído brevemente com um popular veterano, estrela do futebol americano.
A promotora distrital, Elizabeth D. Scheibel, por sua vez, divulgou uma nota concisa na quinta-feira, sugerindo que o superintendente escolar não conhecia os fatos. Em apoio ao relato da promotora, alguns alunos disseram em entrevista ter visto professores testemunhando incidentes de bullying ou algum professor consolando Prince enquanto chorava. No dia em que ela cometeu suicídio, em meados de janeiro, ela foi vista chorando na enfermaria, de acordo com alunos.
Enquanto novos detalhes surgiam sobre a perseguição a Prince, as autoridades escolares distritais, em um turbilhão de aparições e entrevistas televisivas, insistiram que nem o distrito, nem o diretor sabiam da extensão dos maltratos. Segundo seus relatos, os professores foram instruídos a reportar todos os incidentes, e o diretor da South Hadley High School soube apenas na época sobre dois episódios de assédio envolvendo Prince, ambos cerca de uma semana antes de seu suicídio, e disciplinou as duas garotas envolvidas imediatamente.
A direção não ficou sabendo que várias outras garotas continuaram a perturbar Prince nos dias que se seguiram, de acordo com Gus Sayer, o superintendente, e Edward J. Boisselle, presidente do comitê escolar, que cuida da política educacional do distrito. E apenas depois da morte da menina, dizem ambos, a escola soube que ela estava sendo ameaçada e difamada desde outubro.
Os dois afirmam não ter registro de reclamações de maltratos por parte dos pais de Prince, algo que, segundo a promotoria e os pais, foi feito pela mãe duas vezes. Eles também dizem que implementaram medidas em todo o distrito para combater o problema de bullying bem antes do tormento de Prince vir à tona.
"Fomos pró-ativos, mas, infelizmente, acidentes e tragédias ainda podem ocorrer", disse Boisselle em entrevista.
Darby O'Brien, amigo da família Prince, disse na quinta-feira que os pais da menina haviam lhe dito que tentaram alertar duas vezes a escola para proteger sua filha. Anne Prince, a mãe, lhe contou que, em uma das ocasiões, ela havia contatado um funcionário da escola em novembro perguntando "se essa gangue de meninas era uma ameaça à sua filha", e ouviu que não havia motivo para preocupação. A mãe disse que contatou a escola mais uma vez na primeira semana de janeiro com a continuidade das provocações, segundo O'Brien.
Os pais, que discutem uma possível ação civil, se recusam a conversar com repórteres. O'Brien, pai e chefe de uma agência publicitária local, pede que o superintendente, o presidente do comitê e o diretor renunciem. "Não compro a história de que não sabiam de nada", disse ele. "Eles estão querendo escapar."
Alguns pais defendem o distrito. Jana Darrow-Rioux, que esteve envolvida em esforços antibullying iniciados na escola no ano passado, afirma acreditar que a escola está sendo culpada injustamente.
"Acho conveniente as pessoas quererem punir a escola por ela ser a única organização tangível nesta bagunça", disse Darrow-Rioux. Segundo ela, as autoridades escolares não puderam compartilhar informações durante as investigações, o que provocou rumores injustificáveis.
Em entrevistas, alguns pais e alunos descreveram os incidentes de bullying que, afirmam, foram testemunhados por professores. Algumas vezes em dezembro e no início de janeiro, por exemplo, Prince chegou à sala de aula tarde e chorando; um professor tentou consolá-la no corredor e depois a deixou lá, disse um aluno que não quis ser identificado, citando o processo.
Susan Smith conta que seu filho testemunhou quando uma das garotas acusadas de bullying gritava insultos na cara de Prince no refeitório, enquanto a adolescente tentava ignorá-la ¿ e que dois professores viram o ataque verbal e não reagiram. Perguntas continuam a envolver o caso.
Na quinta-feira, a promotora distrital, Sheibel, disse em nota: "Não pretendo fazer referência às assertivas do superintendente Sayer ponto a ponto. Digo, porém, que Sayer não tem acesso ao nosso material investigativo. Portanto, ele não tem base para alguns de seus comentários."
Alguns pais questionam a efetividade das investigações internas da escola após a morte de Prince e também o que descrevem como incapacidade de disciplinar alguns dos ofensores até o anúncio das acusações nesta semana.
"Eles testemunharam o bullying e nunca intervieram", disse Smith. Alguns estudantes indiciados foram "afastados da escola" neste ano, segundo autoridades escolares. Citando regras de privacidade, eles não disseram se os alunos foram suspensos, expulsos ou transferidos.
Mas alguns deles, reconhecem as autoridades escolares, foram afastados apenas esta semana, depois do anúncio dos indiciamentos contra os nove. As várias acusações incluem abuso sexual de menor para os dois rapazes, assédio moral, violação de direitos civis, perseguição e outros crimes similares.
Na Irlanda, a família Prince vivia em uma pequena cidade no condado Clare, enquanto Prince estudava em um internato em Limerick. A família tinha parentes em South Hadley, região com forte herança irlandesa, para onde decidiram se mudar no ano passado.
A mãe, professora, levou Prince e sua irmã de 12 anos a Massachusetts, alugando o andar superior de uma casa próxima à escola, enquanto o pai ficou na Irlanda para tentar vender a casa da família.
Segundo todos, Prince era uma garota cheia de vida, que chegou na escola com um sotaque irlandês durante o outono americano. Ela logo atraiu a atenção de Sean Mulveyhill, aluno do último ano e estrela do futebol americano, com quem saiu brevemente.
Mas Mulveyhill, 17 anos, também saía com Kayla Narey, 17 anos, que, como ele, era uma moradora de longa data e parte do grupo popular da escola, de acordo com um amigo dos alunos. Ele rompeu com Prince, e Narey e suas amigas passaram a fazer uma campanha contra ela a partir de outubro, segundo estudantes. Mulveyhill e Narey foram indiciados.
Por volta da mesma época, outras garotas, incluindo Flannery Mullins, 16 anos, e Sharon Chanon Velazquez, 16 anos, ambas indiciadas, passaram a assediar Prince, contam estudantes.
Algumas xingavam Prince quando a viam nos corredores ou refeitório, gritando ou, às vezes na biblioteca, sussurrando apelidos.
"As pessoas a chamavam de drogada ou vadia, e ela imediatamente ficou com péssima reputação", disse Betty Czitcom, aluna do segundo ano do ensino médio.
Eles vilipendiavam Prince pela internet, além de mandar mensagens de texo chamando-a de vadia e vagabunda e dizendo que ela merecia morrer, de acordo com amigos de Prince.
Na tarde de sua morte, em 14 de janeiro, outros estudantes relatam ter visto Prince indo à enfermaria, chorando. Um funcionário da escola confirmou que Prince estivera na enfermaria, mas ele não podia comentar sobre as razões.
Após as 14h, enquanto Prince caminhava as três quadras em direção à sua casa, garotas do grupo mais novo a alcançaram e a atingiram com uma lata de Red Bull, de acordo com amigos de Prince.
A irmã mais nova de Prince a encontrou às 16h30, pendurada pela escada com o xale que ela lhe havia dado no Natal.
Nos traumáticos dias que se seguiram, Rebecca Brouillard, estudante que falou na televisão sobre as provocações, foi arremessada contra a parede e socada por uma das garotas indiciadas, conta seu pai, Mitch Brouillard. Ele afirma que a garota estava nervosa por sua filha ter discutido publicamente o bullying e que alguns dos estudantes indiciados também perturbavam sua filha há anos.
Dezenas de pais compareceram à reunião do comitê escolar na época e descreveram um histórico de bullying que, muitos afirmam, nunca esteve sob controle na escola.
Mas as autoridades escolares do distrito argumentam que, no último outono americano, após preocupações sobre o suicídio de um garoto em Springfield, Massachusetts, o distrito chamou uma proeminente consultora, Barbara Coloroso, para dar uma palestra sobre prevenção e informação de bullying.
Coloroso voltou rapidamente a South Hadley após a morte de Prince. Em entrevista nesta semana, ela conta que a escola não implementou totalmente suas recomendações para garantir que potenciais episódios de bullying fossem relatados e que os pais fossem envolvidos desde o início. "Isso foi um terrível sinal de alerta", disse ela.

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