Bullying no trabalho é mais traumático que o divórcio
O bullying no trabalho causa dores de cabeça, taquicardia e outros males. Mas por que seu chefe não faz nada? Na verdade, vários chefes são os responsáveis diretos por isso e, agindo de maneira equivocada, acabam mudando projetos da noite para o dia, pressionando pelo sacrifício da vida social de seus subordinados, passando informações erradas, cobrando metas absurdas e aproveitando do trabalho dos outros para se autopromover, sem reconhecer aqueles que o apoiaram nas tarefas.
O pior é que muitas vezes os subordinados não sabem a quem recorrer. O gerente acima do seu chefe pode achar que é um assunto isolado ou que você é quem tem algum problema pessoal com ele. O RH também não vai passar por cima de ninguém, e as psicólogas da empresa – se é que há alguma – muitas vezes estão mais preocupadas com a seleção da próxima leva de funcionários do que em sanar os problemas de funcionários que não estão em cargos decisivos (uma postura algumas vezes comum).
Ao ser vítima de bullying – e não ser amparado – você pode se sentir isolado e com sentimentos de medo (afinal, você depende do seu salário). O padrão de sono pode se alterar, o despertar torna-se mais difícil e muitas vezes vem acompanhado de dores de cabeça. Você pode não saber, mas sua pressão sanguínea também vai estar nas alturas.
Uma violência sutil
As formas de agressão podem, muitas vezes, ser sutis o suficiente para que os termos “atacado” ou “violência” sejam vistos como exagero ou ainda como descaso, mas os efeitos duram muito tempo e incluem sintomas físicos, emocionais, comportamentais e mentais, afetando a vida pessoal, social e, claro, a produtividade no trabalho.
De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Columbia, EUA, aproximadamente 33% dos trabalhadores já foram ofendidos verbalmente no ambiente de trabalho. Além disso, outros tipos de atitudes, como não passar informações completas sobre os trabalhos a serem desenvolvidos, isolar colaboradores, adotar condutas que incluem xingamentos e espalhar rumores ou fofocas também são considerados comportamentos de bullying.
Casos extremos podem ser comparados a traumas intensos, como o divórcio
Um estudo de Ståle Einarsen, da Universidade de Bergen, na Noruega, mostrou que esses trabalhadores abusados verbal ou psicologicamente também se tornam mais desconfiados nas suas relações sociais e afetivas, dormem pior e rendem muito menos, devido a uma baixa na atenção. Em casos extremos, esses indivíduos mostram sintomas de estresse pós-traumático.
Outro estudo de Einarsen, desenvolvido com Stig Matthiensen e publicado no British Journal of Guidance & Counselling, demonstrou ainda que o bullying no trabalho é mais traumático do que eventos como o divórcio.
Kevin Kelloway, do Centro Nacional de Saúde Laboral do Canadá, aponta que esses trabalhadores têm níveis de ansiedade constantemente altíssimos. Além disso, um estudo da Organização Mundial da Saúde relatou que o bullying no ambiente de trabalho pode levar à depressão, ansiedade e ataques de pânico, além de irritabilidade constante, apatia, hipersensibilidade do humor, insegurança e sensação de perseguição.
Problema é persistente
Kathleen Rospenda, da Universidade de Illinois, EUA, aponta ainda que esses indivíduos, muitas vezes, acabam utilizando estratégias para lidar com a situação que agrava sua saúde física. Não é incomum encontrar trabalhadores que sofrem com o bullying se envolvendo com o abuso de álcool ou se tornando tabagistas. A pesquisadora aponta ainda que os efeitos do bullying no trabalho podem durar até mais de um ano após a mudança para um ambiente mais saudável.
E apesar da sociedade, no geral, achar que o bullying no trabalho é uma situação incômoda, mas inerente ao ambiente de trabalho, uma mudança nessa atitude é inevitável, dizem os pesquisadores. Eles apontam os problemas de saúde entre empregados – fato cada vez mais presente nas empresas – são sentidos nos números: baixa produtividade, alta rotatividade de empregados, processos sofridos na Justiça do Trabalho, tudo isso indica os custos do bullying.
As empresas começam a sentir como a boa saúde dos trabalhadores é necessária para a boa saúde nos negócios e isso, ao se intensificar, vai gerar uma mudança nos ambientes de trabalho, um processo “civilizatório”, necessário para um novo estilo de trabalhar, ou seja, a criação inevitável de um estilo mais saudável de relacionamentos.
(Esta matéria foi tirada do site uol em 10.06.2010 e possui informacoes da American Psychology Association - APA)
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