O caso chocou o país. No dia mundial de Combate ao bullying, um aluno
atirou em seus colegas dentro da escola deixando mortos e feridos. A história se
repete, os noticiários também, e aquela sensação de insegurança na escola volta
a deixar docentes, coordenadores e pais preocupados.
O dia 20 de outubro de 2017 deixou marcas e também
possibilitou uma série de pessoas a escreverem sobre bullying sem analisar corretamente o que é essa violência. Li textos muito bem escritos dizendo que "não foi
bullying", que "agora tudo é bullying", etc. e tal. Achei super
interessante ler estes textos para poder refletir mais e entender se de fato
foi bullying ou não.
Minha conclusão é que sim, e agora vou explicar
brevemente porquê o caso de Goiânia foi Bullying:
"Bullying
é uma situação de agressão física e/ou psicológica entre pares e possui
características que o diferencia de outros tipos de violência existentes dentro
das escolas, tais como: intencionalidade, frequência nas agressões, gratuidade
e consequência." Carolina Giannoni Camargo
O garoto que atirou em seus colegas era chamado de
Fedorento, conforme relatos de alunos da sua classe. É preciso entender que por
trás de um apelido pode existir uma brincadeira e pode existir também uma
violência. Então, como distinguir isso?
Quando o apelido é uma brincadeira, não há intenção de
agredir ninguém e não existe consequências negativas. Um dos meus melhores
amigos só atende pelo apelido, por exemplo.
Agora quando o apelido é violência, existe a intenção de ofender, e a repetição
do apelido acontece justamente porque há evidências de que o alvo do apelido não
gostou de ser chamado assim. Nestes casos os apelidos são
pejorativos e a frequência desta agressão psicológica agrava as consequências
para o alvo de bullying.
Quais seriam essas consequências?
Desinteresse pela escola, ansiedade, fobia social, transtornos
alimentares, queda no rendimento escolar, pensamentos suicidas, estresse, depressão,
assassinatos e suicídios são algumas das consequências sofridas por aqueles que
são alvos de bullying na escola.
No caso do aluno que atirou na escola Goyases, em Goiânia, eu não possuo
informações sobre o rendimento do aluno na escola, alterações comportamentais, tentativas
de ajuda, etc.. O que gostaria de alertar é que o bullying é uma violência
silenciosa e mascarada, que acontece debaixo de nosso nariz e precisa ser vista
com mais atenção e responsabilidade.
A Influência da família e seu papel na formação de
autores e alvos de bullying.
Sobre esse tema, eu li que o jovem atirador era de uma
família de policiais e que os assassinatos poderiam ser resultado de uma educação
agressiva e autoritária. Não posso escrever nada sobre isso pois não possuo informações
oficiais sobre a família. Mas quero dizer que não existe apenas um motivo para transformar
alguém em alvo ou autor dessas agressões. Nós somos a soma de inúmeros fatores
internos e externos e estamos sempre em transformação. Esse conjunto pode tirar
o peso de culpar alguém pelo ocorrido, mas não tira a responsabilidade dos
pais, educadores e da escola em estar atentos e agir contra o bullying.
Sobre este aspecto - o que leva alguém a ser alvo ou autor de bullying?
- temos muitos textos aqui no blog e deixo 3 links para vocês iniciarem uma leitura:
Para concluir eu posso dizer que o caso ocorrido em 20
de outubro de 2017, em Goiânia, foi bullying pois:
"Bullying é uma situação de agressão física
e/ou psicológica"
Foi bullying porque ocorreu violência psicológica;
"entre pares"
Foi bullying porque foi entre pares, ou seja, entre
pessoas de igual hierarquia, no caso entre alunos de uma mesma escola;
"e possui características que o diferencia de
outros tipos de violência existentes dentro das escolas, tais como:
intencionalidade,"
Foi bullying porque o apelido "Fedorento" é
pejorativo e o alvo de bullying demonstrou que não gostava dessa situação. A frequência desse apelido a intenção de provocar, ferir, chacotear, etc.;
"frequência nas agressões,"
Foi bullying porque conforme relatos de seus colegas
ele era chamado frequentemente de "Fedorento";
"gratuidade e"
Foi bullying porque o apelido Fedorento não surgiu
após uma briga;
"consequência."
Foi bullying porque como consequência ocorreram
assassinatos, e o alvo de bullying dificilmente pensa de imediato nessa opção
para resolver o problema, ou seja, já existiam consequências que não foram percebidas pelos seus pais ou professores.
Que fique o alerta:
·
Os autores de bullying precisam refletir
suas ações e para isso precisam da ajuda de um adulto.
· Os alvos de bullying precisam de amparo e
ajuda para se fortalecerem psicologicamente, e para isso também precisam
da ajuda de um adulto.
·
Os pais precisam saber identificar o
envolvimento dos seus filhos com o bullying.
·
A escola precisa se capacitar e ter em
mente que o bullying se previne e se combate diariamente.
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