Não se trata de uma simples brincadeira
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(FONTE http://www.cpopular.com.br/ Data 28 de novembro de 2010)
"Houve um tempo em que o que hoje chamamos de bullying era tido como uma brincadeira de criança. Um comportamento típico do ambiente escolar, sem grandes consequências, que merecia pouca atenção. Naquele tempo, as agressões sofridas por crianças e adolescentes eram negligenciadas por pais e educadores, levados pela crença de aquilo um dia ia passar. Mas não passa. “O bullying pode mudar o destino de uma vida, principalmente quando o alvo sofre com as consequências por um longo período, tornando-as irreversíveis”, afirma a pedagoga Carolina Giannoni Camargo, autora de Brincadeiras que fazem chorar! Introdução ao fenômenore bullying (All Print Editora) e coordenadora de uma assessoria especializada nesse tipo de violência.
A ocorrência de situações extremamente graves e o crescente número de casos chamaram a atenção dos pesquisadores e da mídia. O fenômeno passou a ser estudado com afinco, discutido dentro e fora da escola. Hoje, sabemos que bullying, tão antigo quanto as próprias instituições de ensino, é coisa séria. E está bastante presente na escola brasileira. Pesquisa realizada pela Plan Brasil revela que 10% dos alunos entrevistados afirmaram ter praticado bullying (maus tratos a colegas com frequência superior a três vezes), no ano passado, com maior incidência nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Os casos envolvem, principalmente, adolescentes ente 11 e 15 anos, estudantes da 6a série do ensino fundamental. Quando se considera ao menos uma situação violenta no período, a porcentagem de envolvidos é de 30%. 4
Ainda de acordo com o estudo Bullying no ambiente escolar, quanto mais frequentes os atos repetitivos de maus tratos contra um aluno, mais longa é a duração da manifestação dessa violência. Ou seja, a repetição das ações agressivas fortalece a iniciativa dos agressores e reduz as possibilidades de defesa das vítimas. As chances de se defender dos ataques ficam ainda menores se considerarmos que, agora, eles ultrapassam os muros da instituição.
“Antes, o alvo podia sair da escola, onde sofria as agressões, e ir para sua casa encontrar momentos de tranquilidade e paz, espaço para refletir sobre as situações vividas. Hoje, sai da escola e as agressões continuam. Ele recebe mensagens maldosas, ameaças por celular, encontra na internet páginas, sites, comunidades que o humilham, que o fazem chorar”, comenta Carolina.
Na modalidade batizada de ciberbullying são empregadas ferramentas tecnológicas como celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, internet e recursos como o e-mail, o meio mais usado entre os garotos ouvidos pela Plan Brasil. Já as meninas disseram utilizar mais ferramentas e sites de relacionamento na hora de agredir virtualmente. Invasão de e-mails pessoais e o ato de se passar por outra pessoa também aparecem. Dos entrevistados na pesquisa, 17,7% afirmaram ser praticantes de ciberbullying e 16,8%, vítimas; outros 3,5% disseram ser, ao mesmo tempo, vítimas e praticantes.
Agressores no raio-x
Num perfil generalizado também dos bullies podem ser listadas características como impulsividade, egocentrismo, autoconfiança, ar de superioridade e arrogância ao agir, falar e vestir, além do desejo de levar vantagem sobre os demais. Agressores costumam mentir muito bem, com a mesma convicção com que negam as reclamações que podem vir da escola. Quase sempre muito populares, têm seu relacionamento com o outro permeado por brincadeiras de mau gosto, gozações, apelidos pejorativos, difamações, ameaças, constrangimento e menosprezo. E por uma manipulação da qual lançam mão para se safar de encrencas, já que tendem a resolver os problemas de maneira agressiva.
“O autor de bullying, dentro da relação entre pares, sente necessidade de se destacar e escolhe o caminho da violência para conseguir seu objetivo, que é ser o valentão da turma. Por isso, precisa de um alvo e, claro, de plateia. Não haveria motivos para agredir o alvo se não existissem espectadores para suas ações. Afinal, o autor se destacaria para quem?”, comenta Carolina Camargo. A maneira como os pais conduzem a educação das crianças influencia. A falta ou o excesso de limites pode acabar criando um bullie.
Que prejuízos são mais frequentes entre as vítimas?
_Desinteresse pela escola
_Problemas psicossomáticos
_Problemas comportamentais e psíquicos, como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia
_Fobia escolar e social
_Ansiedade generalizada
_Em casos mais graves, podem-se observar esquizofrenia, homicídio e suicídio
_Queda nas notas e no rendimento escolar
_Depressão
_Diminuição da autoestima
_Ansiedade
_Fobia social
_Transtornos alimentares e comportamentais
_Estresse
_Desconcentração nas atividades escolares
_Pensamentos suicidas
- Agravamento de problemas preexistentes, por conta do tempo prolongado de estresse a que a vítima é submetida
Contra a violência
O projeto Todos contra o bullying, iniciativa da Semeare Assessoria Pedagógica, surge como reforço para a ainda frágil rede de combate à violência entre estudantes e volta suas atenções à capacitação de educadores, acreditando ser esse o principal meio de prevenir e combater o fenômeno nas escolas. A ação envolve curso de capacitação e distribuição de materiais. Outra iniciativa que vem somar esforços na luta contra o problema é o blog www.bullynobullying.blogspot.com, de Carolina Giannoni Camargo. A página foi criada em 2009 e tem hoje mais de 32 mil visitantes.
Obrigada, amigos, pelas mensagens de carinho.
Todos contra o Bullying! Todos pela Educação!
Carolina Giannoni Camargo.